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Desde a estréia em 1984 do filme Exterminador do Futuro, estrelado por Arnold Schwarzenegger, a ideia de estar em um futuro onde a humanidade convive diariamente com robôs e Inteligência Artificial (IA) foi popularizada. A proposta por trás do filme, contudo, não era exatamente nova. Grandes escritores de ficção científica, como Isaac Asimov, Robert A. Heinlein e Arthur C. Clarke, já haviam de uma maneira ou de outra trabalhado algum aspecto deste tema.
Imaginar robôs correndo, dançando, ajudando você a fazer compras e a carregar peso, tirando dúvidas e se desenvolvendo através do processo de tentativa e erro de machine learning pode estar deixando de ser coisa somente dos livros e das telas de cinema e se tornando algo mais próximo da nossa realidade, em um futuro não distante.
Se você é fã deste tipo de literatura ou de robótica e acompanha as novidades deste mercado, muito provavelmente já ouviu falar sobre cachorros robôs que podem correr em velocidades equiparáveis aos animais mais rápidos do mundo. Já imaginou poder ter um cachorrinho desses em casa? Com toda certeza seria o sonho das pessoas que são alérgicas aos pelos dos bichinhos de estimação ou daqueles que não gostam muito de recolher a sujeira que eles podem fazer.
A Boston Dynamics é a empresa por trás dos maiores avanços desta tecnologia atualmente e volta e meia assusta a humanidade com os resultados de suas pesquisas. Ela é a fabricante que tem feito robôs cada vez mais ágeis, inteligentes, flexíveis e assustadoramente revolucionários.
Mas quem será que está por trás de tudo isso? Será que eles podem se tornar a Skynet da vida real? Este artigo vai ajudar você a entender um pouco mais sobre esse assunto.
Ouvindo tudo isso sobre robôs e tecnologia futurista, você provavelmente deve pensar que a Boston é uma empresa muito nova. Mas, acredite, ela foi fundada em 1992 e já está por cumprir 30 anos de existência.
O seu fundador é o norte americano Marc Raibert. Ele é formado em engenharia elétrica e possui um doutorado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT. Segundo o próprio Raibert, o seu maior sonho é fazer com que robôs quadrúpedes e bípedes avancem a um desenvolvido estado de locomoção supernatural.
Após se formar pelo MIT em 1977, Marc começou a dar aulas de robótica e ciência da computação e fez parte de projetos de pesquisa e desenvolvimento destas áreas. Junto com outros pesquisadores, ele desenvolveu ao longo da década de 80 o laboratório Leg Lab. Esse laboratório do MIT tinha como objetivo o estudo do desenvolvimento de pernas robóticas com funcionamento baseado em inteligência artificial. A ideia dos cientistas era estudar um movimento das pernas humanas e animais para criar versões artificiais.
Contudo, Raibert percebeu que tinha um mercado nisso e que ninguém ainda explorava esse segmento. Com isso em mente, ele foi em direção à criação da Boston Dynamics no ano de 1992. Como a empresa tem foco em pesquisa, a intenção não era construir produtos rapidamente. A Boston passa anos só dentro dos laboratórios, aprimorando e testando os equipamentos e teorias.
Para pagar as contas de tudo isso, ao longo dos seus primeiros anos a empresa teve como principal parceiro financiador o Governo dos Estados Unidos, especialmente a Marinha, o Exército e a DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency), que é a agência de pesquisa de projetos avançados de defesa do Estado Norte Americano. A ideia era criar soluções para uso militar auxiliando ou até substituindo os humanos.
Já em 2013 a Boston foi além dos contratos com o governo e foi adquirida pela Google. A Google estava começando a investir nesse setor e comprou várias startups parecidas. A Boston fez parte neste momento da divisão de robótica da Google que estava se expandindo.
Já com uma visão de tentar começar a comercializar os produtos, a Google foi em busca de parceiros e possíveis compradores para a fabricante. Neste processo, em 2016, empresas como a Amazon e a Toyota foram procuradas.
Contudo, após divergências internas a Boston Dynamics, em 2018, foi vendida para a SoftBank, que é um dos maiores grupos de financiamentos do mundo.
Além da pesquisa e desenvolvimento, dado o seu background, a Boston também presta consultoria na área de robôs. Em parceria com a Sony, ela ajudou a criar em 1999 o cachorro robô AIBO.
Já em 2001, ela criou um produto totalmente diferente: um simulador virtual em 3D de treinamento para a marinha que seria usado para treinar os recrutas para manusear equipamentos para que eles pudessem agir em situações variadas. Esse foi o DI-GUY, um software que posteriormente foi remodelado para vários usos em diversas profissões.
O primeiro robô apresentado pela Boston Dynamics causou espanto logo de cara. O Big Dog é basicamente um carregador de peso com quatro patas que tem um controle automatizado e usa vários sensores de navegação para andar em terrenos mais complicados, como por exemplo um local cheio de pedras. O Big Dog tinha 76 cm de altura, 91 cm de comprimento e pesava 109kg, o modelo inicial conseguia levar cargas de até 155 kg e andar a 6 km por hora, inclusive em subidas.
A proposta de uso deste equipamento seria como uma espécie de mula, carregando equipamentos, roupas e armas para aliviar um pouco a vida dos soldados em missões.
Além da movimentação natural que realmente simula as articulações de um quadrúpede, o Big Dog tinha mais de 50 sensores de localização em movimento, tudo controlado por um computador de bordo interno.
Infelizmente, o robô nunca chegou a ser usado. Ele era barulhento demais para ser usado na vida real, mas abriu espaço para o desenvolvimento de novos modelos posteriormente.
O RISE é um robô estilo lagarto que subia facilmente em paredes e muros enquanto que o RHEX é um modelo miniatura meio cilíndrico com seis pernas com formato de foice para subir escadas e outros terrenos acidentados.
PET MAN é a sigla para manequim de conjunto de teste para proteção. Esse foi o primeiro robô humanóide da Boston Dynamics, porém não foi desenvolvido para caminhar sozinho. Ele caminha, mas só em esteiras ou em ambientes controlados e com fios. A sua principal utilidade é servir como provador de roupas especiais de soldados e funcionários de várias áreas. Além disso, foi utilizado para testar a mobilidade e proteção contra reagentes químicos e também a temperatura.
Sandflea é outro robô de menor porte que parece um carrinho de controle remoto. Ele seria usado para andar em locais planos e também na areia. A ideia era utilizá-lo como uma espécie de batedor de reconhecimento de terrenos e podia saltar até 10 metros usando um mecanismo interno de impulsão.
Já o Alphadog foi uma espécie de evolução do Big Dog. Ele carrega até 180 kg por 32 km em uma só carga. Possui como destaque um sensor que segue um humano líder de forma automática. Assim como o seu antecessor, ele também foi descontinuado mas pelo menos chegou a ser usado em treinamentos.
Já o Cheetah possui uma velocidade insana de 45 km por hora, porém também precisava estar conectado por fios e cabos. Já o Wildcat é a evolução do Cheetah, sendo um pouco mais lento, porém pode correr sem fios e até fazer curvas. Foi considerado o quadrúpede robótico mais rápido do mundo, correndo de forma estável a 32 km por hora em formato de galope.
Este é o robô mais famoso da Boston Dynamics. O Atlas é aquele modelo humanoide sem cabeça que é meio esquisitão que aparece nos vídeos mais acessados da empresa. Ele é quem apresenta os maiores avanços da empresa em termos de movimentação.
A primeira versão foi apresentada em julho de 2013 e é constantemente melhorada. Até 2020, ele já possuía uma versão com 28 articulações hidráulicas 1,5 m de altura e 80 kg de peso, podendo caminhar a 5 km por hora.
Você pode acompanhar os testes com o Atlas através do canal da Boston no YouTube e é sempre um show à parte. Ele começou a ter uma dificuldade até para caminhar, mas depois ele aprendeu a andar até mesmo na neve e a fazer movimentos aprimorados de ginástica.
Esse é o modelo histórico da Boston. O Spot Classic é um robô quadrúpede criado para operar em ambientes abertos ou fechados, correr e subir até mesmo escadas.
O modelo original foi descontinuado mas deu origem ao chamado Spot Mini, ou só Spot. Esse Spot renovado e de cor amarela funciona, e é totalmente personalizável em software e equipamentos extras para o uso que você quiser. Além disso, ele funciona com bateria que dura 90 minutos.
Ele é resistente contra chuva, poeira e altas temperaturas. Há vídeos dele sendo usado para monitoramento, reconhecimento, levando pequenas cargas, servindo como garçom e, em conjunto, até mesmo puxando um caminhão!
Neste ano a empresa lançou o seu último produto em parceria com a Google. O Handle é um robô híbrido, que possui duas patas e duas rodas para se locomover de várias maneiras. Esse robô tem alto nível de agilidade equilíbrio e seu propósito era carregar coisas como caixas e equipamentos pesados.
Posteriormente, o Handle ganhou uma versão atualizada com um braço com ventosas para ajudar em galpões em estoques. O modelo ficou bem ágil e deve ser o próximo produto da Boston Dynamics a entrar no mercado. A empresa adquiriu uma startup de logística para investir nesse setor.
Já outro produto desta área é o Pick. Este é um robô com sistema de coleta de objetos usando sensores. Ele é basicamente o braço fixo que vê o que você configurou para ser coletado ou separado para algum lugar em específico, como por exemplo uma esteira.
Também em 2019 a Boston começou a vender o Spot para empresas e até para consumidores, sendo este o primeiro produto comercial da empresa.
A Boston Dynamics é uma empresa com enorme potencial para assombrar o mundo com os resultados de suas pesquisas. Ver os vídeos dos seus robôs sempre nos faz pensar no quão longe a robótica ainda pode avançar.
Se você é daqueles que gostam desta área, com certeza precisa acompanhar de perto o que eles andam fazendo.
